sábado, 5 de maio de 2012

Maratona de Paris por Graça Araújo


RELATO DA MARATONA DE PARIS 2012
Domingo, dia 15 de abril de 2012.  Dia da maratona de Paris. Havia um clima de expectativa na Cidade Luz, que emprestou a beleza de alguns de seus mais importantes monumentos para a composição do roteiro de 42 quilômetros da corrida.
Naquela fria manhã parisiense, todos convergiam para o Arco do Triunfo na Champs Elisées , local da largada. Eram quase 40 mil participantes e um número incontável de amigos e torcedores dos pretensos maratonistas. Sim, porque minha impressão é de que ninguém tem certeza absoluta de que chegará ao final .Tudo pode acontecer.
No nosso grupo ,cinco corredores homens e apenas eu de mulher.

Entre os maratonistas, Julio Cordeiro,que me incentivou ,fez minha inscrição e providenciou minha hospedagem junto com o grupo da Acorja.
Homens e mulheres não tem direitos iguais até mesmo em uma maratona internacional; só eles tinham direito a banheiros na largada e consentimento de fazer xixi em público, atrás de uma árvore de um poste ,em fim, em todo percurso. Pra não ser injusta, havia alguns poucos banheiros químicos ao longo dos 42 quilômetros que podiam ser usados pelas mulheres. Se a vida separa, nada como o esporte para juntar. E era assim que seguiam homens e mulheres, misturados na vontade de concluir o percurso no menor tempo que seus corpos lhes permitissem.
A organização da corrida deu um show de profissionalismo. Além da distribuição de uma capa plástica para atenuar os efeitos do frio e da chuva, providenciou a cada quilômetro da maratona, uma atração musical de diferentes partes do mundo. Quer saber quem representava o Brasil nessa maratona musical? Nada de Tom Jobim, Ary Barroso ou João Gilberto... Era Michel Teló, com o inapropriado “ ai se eu te pego, assim você me mata”. Não resisti sorri abertamente, apesar do cansaço.
Pegar quem? Julinho, que já deveria ter chegado em quanto eu ainda estava no quilômetro 22? Quem iria me matar? A maratona?
Corri mais ainda para fugir de Michel Teló e essa aceleração me fez alcançar uma parte do percurso onde os moradores tinham acesso. Foi lindo ver os parisienses , com seus casacos elegantes, sairem da cama cedo,apesar do frio intenso, para nos incentivar. Por todos os lados ouvíamos em bom francês “bravô” e “allez”.
Tinha gente do mundo todo na maratona, muitos do Brasil. Muitas vezes ao longo da corrida , ouvi palavras de incentivo como: vamos lá Graça! Pensava comigo: esse é do Recife. Quando outro passou e disse vamos lá Pernambuco, me dei conta de que usava a camisa amarela da Acorja onde estavam meu nome, o nome de Pernambuco e do Brasil. Concluí então que a minha fama ainda não havia chegado à terra de Napoleão.
Estava chegando o momento mais difícil da maratona... Pela primeira vez , iria correr uma distância nunca antes percorrida, mesmo durante os treinos: trinta quilômetros. Tem alguma coisa emblemática nesse ponto da corrida. Bate o cansaço, uma sensação de que não vai dar para prosseguir... Momento de decisão. E, se a decisão é prosseguir,me preparo para conjugar o verbo SUPERAR.
Lembra que eu achava que ninguém tem certeza de que vai concluir? Pois é; um dos maratonistas do grupo da gente parou no quilômetro 10 por causa de uma lesão.
Os quilômetros vão passando...31...32...33....34...38...40...Tô chegando! Lembro bem da chegada. Estava exausta e com dores fortíssimas nas pernas.
Fiz esforço para caminhar até o Arco do Triunfo, ponto de encontro dos corredores. No caminho encontrei Monica e Julinho, visivelmente alegres com a minha chegada. Só depois descobri que poucos dos amigos que estavam em Paris, acreditavam que eu fosse concluir a maratona. Pior que isso, ficaram perplexos quando saiu o resultado oficial. Meu tempo foi de 4:40 h; nem eu acreditei! Havia me preparado para correr em,no mínimo, 5h. Era a pessoa mais feliz do mundo naquele momento.
Se você pensa que é difícil correr uma maratona, pode continuar pensando. Sugiro até que mude a classificação para dificílimo. Mas, para que foram feitos os obstáculos se não para serem ultrapassados?
Bravô!
Allez!






















10 comentários:

lenigf@uol.com.br disse...

Fantástico, simplesmente!!! Valeu, Graça. Valeu Moniquinha. Parabénstoara todos!

Carol disse...

Lindo relato, um baita incentivo para nós, inicinates! Parabéns!!!

Carol disse...

iniciantes

Mônica Mirtes Cordeiro disse...

Graça, querida!

Foi emocionante ver você e Julinho correndo na linda Paris... E eu sempre acreditei que você completaria a Maratona, afinal, estava acompanhando de perto seus treinos.
Daquele dia lindo e frio, lembro da alegria que senti quando vi você apontar na Champs Elisèe de medalha no peito e com o sorriso próprio dos guerreiros. E amiga, obrigada pela camisa linda da maratona que você tão gentilmente me presenteou.
Vamos marcar a próxiama viagem e sua próxima maratona.
Beijos com carinho.

Anônimo disse...

Nossa Graça me emocionei com seu relato relembrei a minha 1ª maratona, e nessa aí em 2011 senti o drama dos banheiros pois fiquei muito tempo a espera e acabou que quando larguei já estavam tirando o cronômetro e nisso não foi marcada a minha largada, enfim, correr uma maratona é bem difícil porém nada impede o nosso poder quando se quer e se tem certeza disso, parabéns por sua vitória com um resultado muito lindo, mesmo sem te conhecer direito jamais duvidaria de sua garra, nós mulheres somos fortes guerreiras e sabemos muito bem o que queremos, muito feliz mesmo com seu feito eu juro.

OPS: parabéns tb. as meninas Cordeiro por ceder o espaço, gesto carinho, bjus prô cês tb. lindinhas.

abraços.

Ricardo Hoffmann disse...

Que beleza de relato, de emocionar mesmo. Só quem passa por isso tudo é capaz de entender na essência o que é completar uma maratona. Parabéns Graça!! Chegou e abalou.

Mariana disse...

Graça, mais uma vez obrigada por compartilhar esta grande emoção e feito. Que eu sabia que você conseguiria, é verdade sim. Mas o seu tempo é de tirar o chapéu. Pra uma primeira maratona foi excelente. Ja estou vendo sua inscrição na Maratona em Recife em setembro. Só senti falta no seu relato da descrição do percurso, das maravilhas e encantos da Cidade Luz. Eu confesso que em Paris conheci mais o subsolo (andei mais de metrô que nas ruas). Rsrsrsrs. Coisa de turista inexperiente. Conhecer as cidades do mundo correndo deve ser maravilhoso. Quero um dia correr uma Meia ou Maratona internacional. Um grande abraço. Obrigada mesmo.

Fabíolla disse...

Lindo relato! Emocionante e inspirador. Grande abraço!

DricaPeixoto disse...

A corrida consegue nos proporcionar momentos incríveis e esse relato cheio de emoção nos mostra a emoção de superar nossos limites. Lindo! Parabéns Graça! Parabéns Julio! Parabéns Monica, o lado B da corrida (dos que amam acompanhar e fotografar os momentos mágicos da família e dos amigos) também é lindo e emocionante.

Beijo enorme! Corro com vc os 6k do RJ em julho, isso se vc gostar de correr acompanhada :)

Beijo enorme!

irmascordeiro disse...

Drica
kkkkkkkkkkkkkkkk
Dei risadas. É claro que ela gosta de correr acompanhada! A neura é só minha. kkkkkkkkkkk Mariana